Casa de câmbio é fechada por irregularidades no Recife

Casa de câmbio é fechada por irregularidades no Recife

Uma servidora pública do Recife teve uma surpresa nesta quinta-feira (8), ao descobrir que a casa de câmbio onde ela buscaria euros que comprou havia sido fechada pelo Banco Central, no dia anterior. Carolina Medeiros depositou R$ 2.256 na conta da empresa Midas na segunda (5), e esperava receber o correspondente (cerca de 500 euros) ainda nesta semana.

No entanto, encontrou portas fechadas e um comunicado do Banco Central fixado à entrada. A Midas Sociedade Corretora de Câmbio S.A., com sede no Rio de Janeiro, foi liquidada extrajudicialmente.

O documento visto na porta data do dia 7 de outubro de 2015, e cita “a existência de graves violações às normas legais que disciplinam a atividade da instituição”, sem especificar que tipo de irregularidades foram encontradas.

Comunicado afixado na porta da Midas dizia que a casa de câmbio havia sido liquidada extrajudicialmente (Foto: Carolina Menezes/Acervo Pessoal)Comunicado afixado na porta da Midas dizia que
a casa de câmbio havia sido liquidada
extrajudicialmente
(Foto: Carolina Medeiros/Acervo Pessoal)

O texto cita, ainda, a Lei nº 6.024, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras e as providências que devem ser tomadas.

Até o momento, Carolina não recebeu os euros nem os R$ 2,5 mil de volta. Na porta, também estava disponível o telefone do liquidante, Tupinambá Quirino dos Santos, nomeado pelo Banco Central para cuidar dos bens da Midas após a liquidação extrajudicial.

O liquidante é o gestor responsável por tomar conta do patrimônio da empresa e extinguir as dívidas existentes. Se for o caso, vender os bens. “Falei com o liquidante e ele disse que ia se organizar para me devolver o dinheiro, mas não me deu nenhum tipo de prazo”, conta.

Carolina Medeiros explica que procurou a casa de câmbio primeiramente na segunda-feira, e não desconfiou de nada. “Na segunda, quando eu liguei, a casa estava com a cotação boa, mas não muito inferior às outras. Achei normal. Quis comprar 500 euros”, relata. “É possível fazer o pedido para garantir a cotação do dia. Transferi então R$ 2.256 reais e pedi que me ligassem quando o dinheiro estivesse disponível”, continua. Ela pretende viajar à Europa no dia 1º de novembro.

A cliente afirma que a escolha da empresa foi feita por indicação de amigos. Ela mesma diz que já havia comprado dólares na Midas e não teve qualquer problema. “Minha amiga tinha feito isso, eu já tinha comprado dinheiro lá, estava tranquila”, garante.

Carolina contou que esperou uma ligação da empresa na terça, mas nunca ligaram. Ela, então, telefonou durante a quarta-feira, sem retorno. Pediu que o pai fosse ao local na manhã desta quinta, para tentar entender o motivo da demora no atendimento. “Chegando lá, tinha o aviso na porta”, continua.

Ela teme não consiguir reaver o dinheiro depositado na conta da Midas a tempo de viajar. “Pelo que ele [o liquidante] me disse, não vai chegar antes da minha viagem. Ainda estou em choque, vou ver o que tenho de dinheiro para viajar”, conclui.

Por meio de nota, o Banco Central explicou que “o liquidante nomeado pelo BC é responsável por verificar as disponibilidades existentes na corretora e os valores reclamados. Somente após essa verificação será possível ao  liquidante proceder à devolução dos valores devidos aos credores identificados, com base nos valores que forem arrecadados na corretora”. O BC orienta ainda que os lesados procurem o liquidante ou o funcionário por ele indicado e para apresentar os documentos da operação.

Em entrar em contato com a Midas, mas a funcionária que atendeu ao telefone disse a corretora estava fechando as portas e que não poderia falar com a imprensa. Procurado pela reportagem, o Banco Central não especificou quais seriam as irregularidades cometidas pela empresa.