Governo diz que vai implantar parte de aumento rejeitado por professores

A três dias do início de uma nova paralisação prometida pelos professores da rede estadual, o Governo de Pernambuco informou que vai implantar a primeira progressão automática (das três previstas para este ano) nos salários dos profissionais da educação. Esse primeiro aumento (pouco mais de 2%) será dado a partir do mês de junho, segundo nota divulgada na tarde desta terça (26). Os outros reajustes estão previstos para outubro e dezembro, totalizando 7,01% de aumento para docentes e 6,12% para analistas e o quadro administrativo. A proposta já havia sido rejeitada em assembleia realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Educação em Pernambuco (Sintepe) no último dia 21.

Em comunicado enviado à imprensa, o Executivo Estadual afirma que “após longo processo de negociação, que consumiu oito reuniões entre representantes do Governo de Pernambuco e a direção do Sintepe, uma proposta conjunta de acordo foi construída, mas posteriormente rejeitada conforme comunicado do sindicato, em assembleia realizada dia 21 de maio”.

O presidente do Sintepe, Fernando Melo, rebateu a nota, explicando que a proposta não foi acatada, mas apenas discutida entre o governo e a comissão de negociação da entidade. “A proposta foi levada pela comissão à assembleia, que de forma legítima não a aceitou. Então, o governo à revelia, demonstrando falta de senso democrático, não respeitando o sindicato, vai fazer a implantação parcial dessa proposta”, comentou.

A nota da Secretaria Estadual de Administração ainda faz apelo para que os docentes “continuem a ministrar normalmente as aulas, a fim de não causar prejuízos irreparáveis aos estudantes, especialmente àqueles que participarão da seleção do Enem e serão seriamente afetados pela falta de aulas no final do semestre”.

Segundo Fernando Melo, a paralisação está mantida para a próxima sexta e a categoria vai amanhecer o dia de braços cruzados. “O governo, unilateralmente, vai implantar a proposta rejeitada, indo na contramão do processo democrático. Desde o dia 21 de maio, comunicamos ao governo a decretação da nova greve, que será deflagrada na sexta, ressaltando a necessidade de diálogo. Até agora, não recebemos resposta. Nos colocamos à disposição para iniciar essa conversa”, pontuou.

O Sintepe reivindica um incremento de 13,01% (conforme estabeleceu a Lei do Piso Salarial do Magistério em 2015) nos salários de todos os quase 50 mil profissionais do estado. No entanto, o governo oferece desde o início do ano um aumento de 7,01% para professores e de 6,12% para analistas e o quadro administrativo.

Primeira etapa da greve durou 24 dias
A campanha salarial da categoria teve início em 13 de março. Em 10 de abril, os professores deflagraram greve. A paralisação durou 24 dias e foi suspensa em 4 de maio, quando a negociação com o governo estadual foi retomada. Em 21 de maio, os profissionais da educação voltaram a se reunir em assembleia, prometendo iniciar uma nova greve na próxima sexta (29), após rejeitar as propostas feitas pela Secretaria de Administração.

Em 22 de maio, o governo do estado já havia divulgado nota informando que iria suspender o acordo que pôs fim à primeira parte da greve, depois de ser notificado da decisão pela segunda paralisação, que tem início na sexta. No entanto, nesta terça (26), enviou este nota informando sobre a implantação da primeira progressão automática. O site procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Administração, mas foi informando que nenhum representante da pasta comentaria o assunto.

Os professores voltam a se reunir na próxima sexta, que deve ser o primeiro dia da segunda etapa da greve. A reunião da categoria está marcada para ocorrer na Rua da Aurora, Centro do Recife, em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), onde devem ser decididos os rumos do movimento.