Italiano preso no Recife pela Interpol e PF segue para Brasília

O italiano Pasquale Scotti, preso no Recife por ser ligado à máfia de seu país, seguiu nesta quarta-feira (27) para Brasília (DF). O avião decolou às 6h33 e deve chegar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, por volta das 9h30. Scotti segue viagem acompanhado por três agentes da Polícia Federal.

Scotti chegou ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, às 17h da terça-feira (26). Ele passou a noite no local, na Delegacia de Imigração da Polícia Federal, e embarcou no voo JJ3457 da Tam às 5h58. Após chegar em Brasília, o italiano deve ser levado à carceragem da sede da PF, onde fica à disposição do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o chefe de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro, o processo de extradição para a Itália já foi iniciado. “É de todo interesse do governo italiano que esse procedimento seja feito o mais rápido possível. Já há um pedido formal do governo italiano e agora o governo brasileiro com os outros órgãos competentes estão analisando todos os procedimentos para que ele possa ser extraditado o mais rápido possível”, comentou.

Ainda segundo a PF, a defesa do italiano pode alegar que ele é casado e que tem dois filhos no Brasil para que o preso possa ficar no país. “Mas isso compete aos advogados formularem e o Supremo [Tribunal Federal] vai avaliar”, disse ainda Santoro.

Italiano Scotti Pasquale foi preso no Recife (Foto: Divulgação/Polícia Federal)Italiano Scotti Pasquale foi preso no Recife (Foto:
Divulgação/Polícia Federal)

Prisão
Pasquale Scotti, de 56 anos, condenado à prisão perpétua por ligação com a máfia, foi preso no Recife na manhã da terça-feira (26), mais de vinte anos após ser condenado pela Justiça da Itália. A ação foi realizada em conjunto pela Polícia Federal e Interpol. No Brasil, o italiano se apresentava como Francisco de Castro Visconti, se dizia empresário e tinha CPF e título de eleitor ilegais.

De acordo com a PF, Scotti foi condenado em 2005 à prisão perpétua pela morte de 26 pessoas, mas estava desaparecido desde dezembro de 1984, quando fugiu da cadeia após ser detido por ligação com a máfia. Ele tem ainda condenações em 1991 por porte ilegal de arma de fogo, resistência, extorsão e vários homicídios, cometidos entre 1980 e 1983.

Máfia
De acordo com a PF, Scotti era o homem mais procurado da Itália. “Era um dos líderes da Camorra, uma das máfias italianas e foi condenado à prisão perpétua por mais de 20 homicídios na Itália em razão da organização criminosa. Nós vamos continuar a investigação para saber quem deu suporte, quem deu esse apoio logístico durante anos todos a ele para, eventualmente, identificar as pessoas e desarticular esse grupo”, afirmou o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Marcelo Diniz Cordeiro.

Segundo o diretor da Interpol na Itália, Genaro Capulongo, Scotti era o braço direito de Rafaelle Cutolo, fundador e líder da Nuova Camorra Organizzata. Ele teria tanto participado quanto ordenado os 26 assassinatos pelos quais foi condenado.

A Polícia Federal investiga se as empresas comandadas por Scotti no Brasil eram usadas para lavar dinheiro. A apuração apontou haver indícios de que ele recebia dinheiro de instituições italianas.